HomeOpiniãoUm marco na vida de muitos jovens

Um marco na vida de muitos jovens

Realiza-se de 12 a 24 de julho o Genfest, o maior encontro juvenil internacional do Movimento dos Focolares, aberto a jovens de todas as nacionalidades, grupos sociais e convicções religiosas ou políticas. Esta será a sua décima segunda edição, a primeira no Brasil e na América Latina.  Desde 1973, ano da primeira edição, a sua proposta tem sido sempre a da construção de um mundo unido, uma proposta sempre oportuna diante das transformações ocorridas nestes 50 anos. Participei nas edições de 1980 e 1985, quando se vivia a divisão do mundo em blocos político-ideológicos. Na edição de 1990, vivia-se a esperança suscitada pelo fim dessa divisão. Hoje surgem outras divisões e teme-se o regresso de cenários de guerra (não apenas de “guerra fria”) que nessa altura pareciam impensáveis.

É inovadora a forma como se desenrolará este Genfest, que tem por lema “Juntos para Cuidar”. Essa inovação corresponde melhor às exigências dos jovens de hoje. Não se trata agora de um único momento festivo, particularmente rico e intenso, mas em que a maior parte dos jovens são espetadores. Os participantes são convidados a colaborar como voluntários em várias iniciativas que lhes permitirão conhecer as diferentes problemáticas da sociedade brasileira, mas também o testemunho de entrega generosa de quem as procura enfrentar, e são convidados a partilhar ideias e experiências ligadas a temáticas diversas. Serão também delineadas formas de dar continuidade às ideias e propostas que possam nascer deste encontro. Em suma: o objetivo é o de dar protagonismo a todos e que este não seja um evento isolado, mas uma etapa fundamental de um caminho que há de continuar.

Ainda que não tenha sido segundo este formato que na minha juventude participei no Genfest, devo dizer que para mim, como para muitos jovens da minha geração, esse encontro foi um marco muito importante na minha vida, que me ajudou a descobrir o seu sentido e a missão a que Deus me chama. Para isso contribuíram as palavras e os testemunhos de Chiara Lubich e de São João Paulo II. Penso que é isso que distingue esta proposta da de outras muito meritórias iniciativas de solidariedade social: o Genfest pode contribuir para transformar a vida de muitos jovens.

Ao reler os discursos de Chiara Lubich aos sucessivos Genfest, notei mais uma vez como ela nunca ocultou a referência à raiz do seu empenho na construção da unidade do mundo. Ela sentiu-se chamada a realizar a unidade que Jesus pediu ao Pai: «Que todos sejam um, como Tu e Eu somos um» (Jo, 17, 20-21). Foi essa mesma raiz que a levou a acolher nestes encontros, e em muitas outras atividades do Movimento que fundou, pessoas de outras religiões e convicções não religiosas (“todos, todos, todos” – como diz agora o Papa Francisco).

No seu discurso ao Genfest de 1990, por exemplo, ela exprimiu a sua fé na ação de Deus na construção do mundo unido: «(…) se foi sobretudo Deus que venceu neste trecho de história que acabamos de viver, o que poderá acontecer se, à ação direta de Deus, se juntar a de jovens, de muitos jovens, guiados passo a passo por Cristo, presente entre eles pelo Amor? Ide, portanto, para a frente sem hesitar. A juventude nada mede, é generosa: desfrutem-na! Ide para a frente vós, jovens cristãos, que acreditam em Cristo. Ide para a frente vós, jovens de outras religiões, guiados pelos nobilíssimos princípios em que essas se baseiam. Ide para a frente vós, jovens de outras culturas, que talvez não conheçam Deus, mas sentem no coração a exigência de canalizar todos os esforços no Ideal de um mundo unido. Todos, de mãos dadas, estejam certos: a vitória será vossa».

> Artigo publicado no editorial da Revista Cidade Nova  de julho de 2024